Um adeus a Edson e mais uma reverência ao Rei

O termo “rei” é geralmente designado para se referir a um chefe de Estado ocupante do trono real, sendo assim, atua como o grande soberano de um reino.
Criado pelos ingleses, em 1830, o grande reino do futebol foi se tornando popular e ganhou notoriedade entre os diferentes povos espalhados pelo mundo. No Brasil, o esporte se tornou um símbolo nacional. O jogo vistoso, os inúmeros craques e os cinco títulos mundiais renderam a alcunha de “país do futebol”. Fato que orgulha os brasileiros e é reconhecido mundialmente.
A partir de 1938, com a conquista da medalha de bronze na Copa do Mundo, o povo tupiniquim passou a ver o jogo como algo contagiante e fundamental. No entanto, a consolidação do país como potência no esporte veio décadas depois, principalmente graças a um homem, mas não a qualquer homem, o Rei!
Pelé não era chamado de rei à toa. Venceu uma Copa do Mundo aos 17 anos, sendo decisivo na grande final; foi o líder técnico da grande seleção de 70, na qual se sagrou tricampeão mundial; foi a grande inspiração do termo “gol de placa”; fez mais de 1280 gols durante a carreira e mudou a forma de jogar e ver futebol.
Os feitos de Edson Arantes do Nascimento são incontáveis e jamais serão esquecidos. Sua contribuição para o mundo deve ser lembrada e exaltada para sempre.
Pelé transformou o esporte dos ingleses, mostrou a importância do preparo físico, do treino com foco e da alimentação saudável. Criou jogadas que foram eternizadas e hoje são reproduzidas por jogadores dos mais diversos lugares.
Além disso, foi o grande responsável por popularizar a camisa 10. Antes do Rei, se tratava apenas de um número, depois dele, passou a ser o número do craque do time, um sinônimo de qualidade e responsabilidade técnica. Hoje em dia, ninguém alcança a camisa 10 sem mostrar muito talento, só os craques a conquistam, mas nenhum chegou perto de Pelé.
Com o Santos da década de 60 realizou excursões que rodaram o mundo e lotaram estádios. Encantou os europeus que juravam ser os melhores no esporte, fez Eusébio e Mazzola de coadjuvantes, nos confrontos contra Benfica e Inter de Milão, mostrou para Gianni Rivera quem era o verdadeiro craque mundial, ao bater o histórico Milan, e comandou o poderoso futebol sul-americano da época, deixando Boca Juniors e Peñarol para trás.
No mundo todo Pelé encantou, mas foi na África que recebeu o maior carinho possível. Em 1969, parou duas guerras civis que aconteciam no continente, na Nigéria e no Congo. Os soldados trocaram as armas por aplausos e os olhares estavam todos na direção do Rei Pelé, um rei mundial, mas — sobretudo — um rei negro. Em todas as suas idas ao continente foi muito bem tratado e fez grandes amigos, como Nelson Mandela, descrito por ele mesmo como um de seus ídolos.
Só Pelé tinha a capacidade de parar conflitos sangrentos e duradouros, só Pelé era capaz de fazer os europeus reverenciarem um sul-americano e só Pelé era capaz de fazer o mundo inteiro parar para lhe ver.
Ontem foi o dia que Edson Arantes do Nascimento nos deixou. Natural de Três Corações — MG, casou-se três vezes e teve seis filhos, sendo dois deles oriundos de relações extraconjugais. Em meio a adultérios e demora para reconhecer os dois filhos, Edson viveu momentos conturbados em suas relações, sendo alvo de manchetes de diversos veículos midiáticos.
Edson errou muito durante os seus 82 anos de vida, mas Pelé sempre será perfeito para os brasileiros. Pelé foi a versão mais exemplar de Edson e uma das mais admiráveis personalidades do mundo.
Quem nos deixou foi Edson, o homem que errou, que viveu intensamente e que só queria ser mais um brasileiro trabalhador do século XX. Pelé será eterno, sua aura única beirando a perfeição estará eternizada na mente dos brasileiros e dos fãs do esporte mais popular do mundo. O jogador inalcançável, o atleta perfeito, mas o ser humano imperfeito.
Obrigado Edson por suas contribuições, mas Pelé será eterno. Ninguém chegará perto de suas conquistas no futebol, ou seja, ninguém será rei como ele, no máximo príncipe.
Na realeza dos esportes, Pelé sempre será o dono do maior trono. Federer é o “Pelé do tênis”, Michael Jordan é o “Pelé do basquete”, Bolt é o “Pelé do atletismo”, Simone Biles é a “Pelé da ginástica” e todos os melhores atletas são o “Pelé” de sua modalidade.
Ser Pelé é sinônimo de qualidade extrema, de talento diferenciado e único. Ser Pelé é estar na mais alta posição, é atingir o auge na carreira e se tornar insuperável, é acima de tudo ter a capacidade de vestir a camisa 10.
Pelé foi o que todos os jovens sonhavam e sonham em ser, mas só Edson conseguiu e, provavelmente, só ele conseguirá.
Descanse em paz Edson Arantes do Nascimento, o eterno Rei Pelé, o rei do futebol e o rei do mundo. Que sua morte sirva para os brasileiros o valorizarem mais, que seja o suficiente para entenderem o seu tamanho e o quanto a sua falta será impactante.
No céu, Pelé se junta aos seus amigos Mandela e Maradona, se encontrará novamente com seu ídolo Muhammad Ali e, com certeza, será o grande craque desse time de estrelas que estão por lá.
Por aqui, o mundo está de luto, Edson. Você fará muita falta, mas pode ter certeza de que Pelé estará em boas mãos. Jamais será esquecido!
Até mais, Rei!
Texto: Antonio Oliveira, estudante de Comunicação Social — Jornalismo